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Parkinson: como identificar e lidar com a doença


Quando falamos em Parkinson, a primeira imagem que vem à cabeça é o tremor das mãos, não é mesmo? Mas esse não é o único sintoma. Aliás, os tremores também não são exclusividade dessa doença.


Vamos entender um pouco melhor como identificar e, sobretudo, como lidar com a doença de Parkinson?


Apesar de ainda não existirem estatísticas muito precisas sobre o número de casos, o Ministério da Saúde estima que mais de 200 mil brasileiros convivam com a doença, a maioria com mais de 60 anos.


Entender e desmistificar alguns estereótipos é o primeiro passo para conquistar maior qualidade de vida e autonomia para o paciente de Parkinson.


Parkinson é uma doença degenerativa, crônica e progressiva que ataca o sistema nervoso central. Ela acontece devido à morte de células do cérebro responsáveis pela produção de dopamina - um tipo de neurotransmissor que, entre outras funções, regula os movimentos do corpo.


Sabe aqueles movimentos que a gente faz quase no automático, como andar, dirigir, escrever etc.? Fazemos isso graças à dopamina. Quando ela começa a faltar, o controle motor fica progressivamente comprometido.


A degeneração progressiva das células (incluindo as do cérebro) é natural do envelhecimento. Mas, quando isso acontece de forma muito acelerada, a doença começa a se manifestar.


Não se sabe exatamente por qual motivo ocorre essa aceleração da morte de células nervosas. Os cientistas avaliam fatores genéticos, mas também ambientais.


Curiosidade: a doença recebeu esse nome por ter sido descrita pela primeira vez, em 1817, pelo cirurgião inglês James Parkinson, no estudo An Essay on the Shaking Palsy (“Um ensaio sobre a Paralisia Agitante”, como tem sido traduzido no Brasil).


No ensaio, o médico descreveu os sintomas de seis pacientes do sexo masculino, que apresentavam tremores involuntários, arqueamento do tronco para frente e mudança na forma de caminhar etc.


Foi o neurologista francês Jean-Martin Charcot que, em 1875, ao promover estudos adicionais sobre o assunto, propôs dar o nome ao médico que primeiro havia identificado a condição.


Os sintomas da doença de Parkinson não são sempre os mesmos, podendo variar de pessoa para pessoa. Normalmente, os sinais iniciais são sutis, lentos e graduais, o que dificulta para o paciente dizer exatamente quando começaram.


Os principais sintomas da doença de Parkinson são

  • lentidão motora (bradicinesia)

  • redução da quantidade de movimentos (acinesia)

  • tremores em repouso (normalmente nas mãos e em apenas um dos lados do corpo)

  • rigidez nas articulações de punhos, cotovelos, ombros, coxas e tornozelos

  • desequilíbrio

Além desses sintomas motores, o paciente com Parkinson pode apresentar distúrbios da fala, dificuldade para engolir, depressão, dores, tontura e alterações intestinais e distúrbios do sono. Problemas com equilíbrio e postura instáveis podem tornar difícil sentar-se ou levantar-se de uma cadeira. Caminhar é realizado com passos pequenos e arrastado e uma postura curvada.


Outra característica importante e fácil de reconhecer é a alteração na caligrafia: a pessoa tende a demorar mais para escrever (mais tempo com a caneta no ar planejando a próxima palavra), aplicar menor pressão sobre o papel e ter a letra menor que antes.


Por isso, vale lembrar: nem todo tremor é Parkinson! Os tremores característicos da doença são os chamados tremores de repouso. Ocorrem quando a pessoa está parada e relaxada e tendem a diminuir ou desaparecer quando ela faz algum movimento. Na fase inicial da doença, é comum que se manifeste apenas em um dos lados do corpo.


Por outro lado, nem todo paciente com Parkinson apresenta tremores. Estima-se que em 30% dos casos esse sintoma esteja ausente e o diagnóstico é feito a partir dos outros sintomas.


Outros sintomas podem incluir: depressão, ansiedade, sono perturbado, perda de memória, fala arrastada, dificuldade em mastigar ou engolir, constipação intestinal, controle de bexiga prejudicado, regulação anormal da temperatura corporal, disfunção sexual, cãibras, dormência, formigamento ou dor muscular.


O parkinsonismo ou síndrome parkinsoniana é o conjunto de sintomas normalmente ligados à doença de Parkinson (70% dos casos), mas não necessariamente causados por ela.


O termo é usado principalmente nas fases iniciais de diagnóstico, já que doenças ou causas diferentes podem provocar sintomas semelhantes.


Outros casos de parkinsonismo secundários podem ser provocados por drogas, medicamentos, lesões ou infecções, entre outras condições. Nesses casos, o avanço dos sintomas costuma ser mais veloz do que quando provocados pela própria doença de Parkinson.


O diagnóstico correto é essencial para o tratamento mais adequado. Quando provocados por medicamentos, por exemplo, os sintomas podem recuar quando o remédio é substituído.


Não existe um procedimento diagnóstico específico ou teste laboratorial para estabelecer o diagnóstico de Doença de Parkinson. O diagnóstico é feito pela avaliação clínica: o médico avalia os movimentos e os sintomas descritos pelo paciente e familiares. A especialidade mais habilitada para isso é a neurologia.


Se os sintomas de um paciente melhorarem após tomar a medicação para a Doença de Parkinson, o diagnóstico provavelmente está correto.


Exames complementares costumam ser solicitados para descartar outras doenças e causas para os sintomas.


Em alguns casos, a depender do histórico do paciente, é feita a tomografia computadorizada para quantificação de dopamina cerebral, mas, na maioria das vezes, o quadro clínico e evolutivo característico da doença já é suficiente para o diagnóstico.


A doença de Parkinson é uma doença crônica. Ou seja, não existe uma cura definitiva, mas, com o tratamento adequado, é possível garantir a qualidade de vida por muitos anos.


O tratamento contra a doença de Parkinson costuma ser feito a partir de medicamentos de uso contínuo para repor ou desacelerar a perda de dopamina no cérebro, e consequentemente reduzir os sintomas.


As combinações desses remédios, ou eventualmente as indicações de cirurgia para redução de sintomas, são feitas de forma personalizada para cada paciente. Nem sempre a indicação que funciona para um, vale para outro. Por isso, converse sempre com o seu médico.


Além dos remédios, é recomendado que a pessoa com Parkinson pratique atividades físicas regulares e moderadas, para estimular os movimentos. Terapias auxiliares como fisioterapia, fonoaudiologia e suporte psicológico também exercem um papel importante na melhoria da qualidade de vida e independência do paciente.


É importante ficar atento aos primeiros sintomas da doença de Parkinson para começar o tratamento o quanto antes. Por isso, não ignore tremores, ou redução de movimentos (mesmo o piscar) ou a lentidão de movimentos. Se houver uma suspeita, procure um médico para avaliar e acompanhar a evolução.


Se o diagnóstico for mesmo Parkinson, o apoio e a paciência da família é um diferencial e tanto no tratamento. Confie na capacidade e na autonomia da pessoa, mas esteja perto para quando for necessário. Confira 6 dicas para ajudar uma pessoa com Parkinson

  1. Ofereça um ambiente seguro, com piso antiderrapante, barras de apoio nos banheiros e sem tapetes ou móveis que possam atrapalhar a locomoção em casa

  2. Dê tempo para a pessoa planejar suas ações, não a apresse. Lembre-se de que os movimentos que antes pareciam automáticos, agora precisam ser pensados antes de serem efetuados

  3. Não se ofereça de imediato para fazer algo pela pessoa. É importante que ela mantenha autonomia e se esforce para fazer os movimentos

  4. Deixe a pessoa se concentrar. Procure não distrair a pessoa enquanto ela está fazendo algo. Pode ser difícil prestar atenção em uma conversa enquanto amarra o tênis, por exemplo

  5. Em alguns momentos, pode ser necessário a ajuda verbal para lembrar o próximo passo de uma ação. Por exemplo: “apertar o tubo para colocar a pasta na escova de dentes”. Porém, vá com calma, observe antes se a pessoa está precisando desse comando verbal ou está apenas pensando

  6. Estimule a pessoa a fazer atividades físicas e também as intelectuais. Faça perguntas, converse sobre as notícias, livros ou qualquer outro tema de interesse. Vai ser ótimo para você também!

  7. A depressão é um problema bastante comum entre as pessoas com a doença de Parkinson. Muitos pacientes podem se beneficiar do tratamento com medicamentos antidepressivos.

Por fim, uma dúvida muito comum é se a pessoa com Parkinson pode dirigir. A resposta varia conforme o estágio da doença e cada caso individual precisa ser discutido com o médico.


No início ou com sintomas bem controlados, ainda é possível dirigir. Aqui, mais que nunca, não distraia o motorista. Permita que ele foque no que está fazendo.


Progressivamente essa atividade tende a ficar mais difícil, pois os reflexos e a agilidade de movimentos são essenciais para a direção. É importante que o paciente seja preparado psicologicamente para quando chegar o momento de não poder mais conduzir o veículo. Avalie sempre a evolução do paciente junto ao médico.



Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.

Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil

Fontes: Einstein, Ministério da Saúde, Drauzio, Unimed

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