O levantamento de dados e análises do Ministério da Saúde dos últimos anos tem mostrado um ciclo comportamental que deve nos colocar em alerta: homens, apesar de mais propensos a doenças, acessam menos os serviços de saúde, exceto em situações de urgência e emergência; e meninos entre 16 e 19 anos carregam esse mesmo hábito.
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a partir de dados do Ministério da Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS), os adolescentes têm frequentado o médico até três vezes menos do que as meninas da mesma faixa etária. Em 2020, enquanto 6,9 milhões de meninas acessaram o SUS, só 2,1 milhões de meninos utilizaram o serviço.
Os cuidados com a saúde começam logo no nascimento com a ajuda de um pediatra, que é o médico especialista da criança.
A transição de especialista deve ocorrer após os 12 anos, aproximadamente. Para as meninas já é de praxe procurar um ginecologista e começar um acompanhamento rotineiro logo após a primeira menstruação. O caminho dos meninos não costuma ser tão simples, devido a algumas questões culturais e tabus que ainda precisam ser desmistificados.
O médico indicado para acompanhar os meninos após a puberdade é o urologista. Este especialista é responsável pelo tratamento dos problemas relacionados ao trato urinário tanto de homens quanto de mulheres, mas é ele quem cuida da parte genital dos homens. Então, este especialista tem o papel de conscientizar, orientar e esclarecer sobre desenvolvimento corporal, sexualidade e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) durante os anos da adolescência.
A saúde dos meninos também precisa ser tratada com muita seriedade, por isso, começar cedo as visitas de rotina ao urologista é muito importante.
Além dos números que mostram que meninos vão ao médico com menos frequência que as meninas, outras estatísticas também são preocupantes. Um exemplo é a cobertura vacinal contra o papilomavírus humano, ou HPV. O índice de vacinados já não é o ideal entre as meninas (65,8%, entre jovens de 11 a 14 anos), mas o número é ainda mais alarmante para os meninos: apenas 35,6% deles estão protegidos pela vacina.
Incorporar as visitas ao urologista na rotina de saúde dos meninos pode atuar na prevenção de sérios problemas como, por exemplo:
- ISTs: as infecções sexualmente transmissíveis passam de pessoa para pessoa por meio do contato sexual sem preservativo, seja ele oral, anal ou vaginal. As ISTs mais conhecidas são: herpes genital, sífilis, gonorreia, infecção por HPV, infecção por HIV, hepatites virais B e C e tricomoníase.
- Varicocele: a dilatação das veias dos testículos é uma doença assintomática que causa infertilidade secundária ou primária. É facilmente detectada em consulta de rotina, pelo exame físico, e é tratável.
- Balanopostite: é um processo inflamatório conjunto da glande e do prepúcio. Geralmente, ocorre por infecção fúngica aguda causada pela candida albicans, um fungo naturalmente presente no corpo. É tratável com cremes tópicos associados à medicação oral.
- Fimose: a dificuldade ou incapacidade de retrair o prepúcio - a pele que cobre a glande do pênis. É comum que pais e pacientes confundam a fimose com excesso de prepúcio, por isso, é importante consultar o urologista para obter o diagnóstico correto.
- Tumor no testículo: é o câncer mais comum entre homens de 20 a 40 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, inclusive na adolescência. O principal sintoma é o aumento da bolsa escrotal ou o aparecimento de um caroço no testículo, que pode ser sentido ao toque. É mais comum em jovens que tenham tido criptorquia não tratada ou tratada tardiamente – condição de quem nasce sem que o testículo tenha “descido” para a bolsa escrotal – e em pessoas com histórico familiar.
Essas são apenas algumas das doenças ou condições que podem se agravar, uma vez que há a vulnerabilidade causada pela desinformação. Como em qualquer doença, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a probabilidade de cura de forma mais simples.
Além disso, ajudar seu filho a estabelecer uma relação de confiança com o médico que acompanhará sua saúde também vai incentivá-lo a manter esse cuidado na vida adulta e contribuir para que as estatísticas em relação à atenção à saúde do homem sejam mais positivas.
A consulta com o urologista, como com todos os outros médicos, começa sempre com uma conversa em que o paciente trará suas dúvidas e detalhes sobre a saúde que gostaria de discutir.
Depois, ele é direcionado para a avaliação física, onde pênis, testículo e bolsa escrotal são examinados. Se necessário, o médico também pode pedir exames complementares feitos em laboratório, como o de sangue ou de imagem.
É importante lembrar que incentivar meninos nessa idade a procurar atendimento médico é também uma questão cultural e comportamental que precisa ser ressignificada. A visita ao urologista não deve ser vista como um tabu.
Além de ser um espaço para exames físicos e check-ups, a consulta com o urologista também é um momento com um profissional que está disponível para tirar dúvidas sobre as diferentes fases da vida em relação às mudanças do corpo. Trata-se de um ambiente seguro em que a informação é a mais qualificada possível, e, ainda, pode ser um espaço confortável. Muitas vezes os meninos podem não se sentir tão à vontade para discutir certos tópicos com a família ou mesmo com os amigos.
Este artigo foi publicado no Portal de Saúde - Unimed Brasil.
Texto: Agência Babushka | Edição e Revisão: Unimed do Brasil
Fonte: Portal da Urologia
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